Muito pequena (1,54 m: eu parei de crescer aos 10 anos), seios grandes (95 cm), dentes de Bunny (o apelido na infância), um nariz feio e andava na ponta dos pés. Eu tive, por muito tempo, uma doença de pele. O que me salvou foi, primeiramente, a encenação.
Aos 8 anos eu estava numa cena de teatro (uma tradição familiar) e, lá, percebi que havia um lugar onde eu poderia ser boa, libertando-me de todos os meus complexos. O espetáculo tornou-se minha profissão. Exceto que, na época, não se brincava com os defeitos. Para fazer cinema era necessário um físico perfeito.
Aos 20 anos, eu encontrei um cirurgião-dentista que eu implorei para operar meus dentes. Durante a cirurgia tive uma parada cardíaca (sou alérgica a xilocaína). Eu não tive outra escolha: tive que aceitar meus dentes avançados, por obrigação.
Mais tarde, eu agradeço aos outros, principalmente aos homens. Pequenas frases, aqui e ali, que fazem você se reconciliar consigo mesma. Como esta noite quando, após uma opereta, disseram que eu tinha “os mais belos seios do teatro lírico da França”! É bom, parei de reclamar. Então, o meu primeiro companheiro, o cantor Pierre-Jean Vaillard, um homem muito sedutor, que sempre me olhou com admiração até sua morte, e que me deu confiança em mim mesma: “Vá em frente, você tem talento”, ele me dizia e eu acreditava.
… A partir dos 30 anos, eu realmente comecei a me diverti e a aproveitar a minha feminilidade.
… A idade? Lembro-me apenas de uma frase, o mais belo elogio da minha vida: “tu, mesmo enrrugada, jamais será velha”. De fato, apesar de todos os acidentes graves que marcaram a minha vida, eu sempre estava feliz por estar viva, o mesmo desejo de ser feliz e de dar alegria. Esta é a juventude. Eu tenho um marido maravilhoso que me ama, uma filha (que mede 1,75 m!) que eu tive depois dos 40 anos, um verdadeiro presente! Como eu poderia não me sentir bela e radiante?
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