Eu tenho uma grande amiga que até mesmo quando ela faz aniversário, eu acabo sendo presenteada por ela. É incrível como tem gente com o dom de tornar nossa vida mais alegre, acrescentando gotas de esperança e felicidade.
Pois bem, ela fez aniversário no domingo, eu a parabenizei e ela me enviou um texto sobre a felicidade. Pesquisei na internet e o encontrei em vários sites. Para mim é uma agradável novidade e, talvez, para alguns de vocês também seja. Caso alguns já conheçam, vale a releitura para revigorar as forças e para refazer o compromisso que deve ter consigo em ser feliz como escolha e ação (consciente).
O texto creditado a jornalista Leila Ferreira, 59 anos, intitulado MINIMAMENTE FELIZ, serve como reflexão. Ajuda naquela parada que de vez em quando fazemos para reavaliar nossas escolhas, desejos e sentimentos. Muito obrigada Jacione por esta estimulante leitura!
“A felicidade é a soma das pequenas felicidades”. Li essa frase num outdoor em Paris e soube, naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar.
Eu já suspeitava que felicidade com letras maiúsculas não existisse, mas dava a ela o benefício da dúvida. Afinal, desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo.
Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho – que, de certa forma, coincidia com o meio da minha trajetória de vida – tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro.
Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas:
Um pôr do sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café recém-coado;
Um livro que a gente não consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma amiga que nos faz rir.
São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem, alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias.
Eu contabilizo tudo de bom que me aparece, sou adepta da felicidade homeopática. Se o zíper daquele vestido que eu adoro voltar a fechar (ufa!) ou se pelo um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo.
Alguns crescem esperando a felicidade com letras maiúsculas e na primeira pessoa do plural: “eu me imaginava sempre com um homem lindo do lado, dizendo que me amava e me levava para lugares mágicos”.
Agora, se descobre que dá para ser feliz no singular: quando estou na estrada dirigindo e ouvindo as músicas que eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto, sinto um bem estar indescritível.
Uma empresária que conheci recentemente me contou que estava falando e rindo sozinha quando o marido chegou em casa. Assustado, ele perguntou com quem ela estava conversando. “Comigo mesma”, respondeu. “Adoro conversar com pessoas inteligentes”, completou.
Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, a empresária trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas:
1a que podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhados e
2a que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.
Esperar para ser feliz, aliás, é um esporte que abandonei há tempos. E faz parte da minha “dieta de felicidade” o uso moderadíssimo da palavra “quando”.
Aquela história de
“Quando eu ganhar na Mega Sena”;
“Quando eu me casar”;
“Quando eu tiver filhos”;
“Quando meus filhos crescerem”;
“Quando eu tiver um emprego fabuloso”;
Ou “quando encontrar um homem que me mereça”.
Tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer a felicidade de hoje.
Esperar o príncipe encantado, por exemplo, tem coisa mais sem sentido? Mesmo porque, quase sempre, os súditos são mais interessantes do que os príncipes. Ou você acha que a Camila Parker-Bowles está mais bem servida do que a Victoria Beckham?
Como tantos já disseram várias vezes, “aproveitem o momento, amigos”. E quem for ruim de contas, recorra à calculadora para ir somando as pequenas felicidades. Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para nossos tempos. Que digam!
Melhor ser minimamente feliz várias vezes ao dia do que viver eternamente em compasso de espera.