Hoje eu vou mostrar para vocês a “cidade mais austral do mundo”: Ushuaia!!! Bom, a gente pronuncia assim, mas eles falam “ussuaia”, com a língua batendo nos dentes superiores frontais. Parece que todo mundo lá tem a língua presa, mas tudo por culpa dos ingleses que lá chegaram primeiro, deram este nome ao lugar e transcreveram assim. Aí, os espanhóis chegaram mais tarde e leram e aí começou a confusão: a consoante H é muda em espanhol. Com isso, a mudança na pronúncia.
A primeira aventura é ver o avião descer no aeroporto que tem água por todos os lados. Do começo ao fim da pista, muita água. Você acaba rezando um pouco para que o avião toque em terra firme e pare da mesma forma. No solo, o transtorno para pegar as malas. Quando você se aproxima da esteira, vem seguranças que exigem os tickets das malas antes mesmo de pegá-las. Pronto: cria-se uma fila enorme, nervosa e barulhenta. Por que não avisaram isso antes?
A histeria feminina chega ao pico ao acessar o banheiro minúsculo em que a porta bate em todo mundo e todo mundo bate em alguém.
Consolo? Sair da sala de desembarque e ter meu passaporte carimbado com um selo da cidade (é gratuito, mas é preciso solicitar). Pronto, meu bom humor voltou. Daí, um táxi – baratíssimo – rumo ao hotel. No percurso fiquei observando a cidade que, nitidamente, cresceu desordenadamente. Casas e mais casas nas serras, lembrando muito as favelas cariocas. Lugares feios e sujos, paisagens estonteantes da natureza. Até hoje me pergunto se Ushuaia é feia ou não. Mas, de cara, vi que teria problemas com tantas ladeiras.
Ficamos no Hostal Del Bosque Apart Hotel. Fica lá no alto, seis quadras acima. Uma casa central concentra a recepção, os serviços e o restaurante, aos fundos, vários “mini-prédios” circundando. Cada prédio tem quatro quartos se não me falha a memória. Bem ao estilo dos apartamentos de Londres. O jardim é muito bonito e bem cuidado. Não tivemos problemas com barulhos, mas tivemos problemas com a calefação. O quarto esquentou tanto que tivemos que dormir de janela aberta. Reclamamos e eles decidiram desligar (???). Daí, passamos um frio horroroso. No terceiro dia – ficamos cinco -, ao me dirigir ao salão do café da manhã e ser consultada se havia dormido bem, o desabafo. Minha filha fingiu que não me conhecia, mas valeu, pois, em 15 minutos, resolveram o problema. Sem falar espanhol, por sinal. Mas cliente insatisfeito é compreendido em qualquer língua. Fora isso, só tenho elogios ao local. A comida é muito boa mesmo, o preço é honesto, os quartos são amplos com ótima infraestrutura para preparar lanches e comidinhas rápidas. E, apesar da reclamação, o rapaz da recepção gostou tanto da gente que veio se despedir com beijinhos. Um fofo!
Bom, vamos conhecer a cidade. Esgoto ao céu aberto, muitas casas feias, algumas casa bonitas, dezenas de cachorros abandonados pelas ruas (um se tornou nosso companheiro de passeios e lhe demos o nome de Rex), uma única rua central (San Martin), moeda Real super benvinda e valendo ouro, lojas interessantes, cafés excelentes e preços salgados.

Não é bonito, não é? Cruzamento da rua principal da cidade, San Martin, com uma das dezenas de ladeiras.
E como Deus ajuda na descida, fomos parar no porto que, honestamente, é bem mais organizado que o de Santos. Mas a subida é pra pagar promessa e eu não havia feito nenhuma. Então, táxi!!!!!!!!!
Perdemos o resto do primeiro dia só agendando os passeios e olha que fizemos tudo em uma única agência. Mas o ritmo deles é de tartaruga. Irrita muito. Ah, aproveitamos para ir ao supermercado e nos abastecemos por cinco dias. Eles não fornecem sacolas, é preciso comprar na hora ou levar de casa.
Veja:
Segundo dia: a visita aos pinguins
Terceiro dia: um passeio cheio de aventuras pelos bosques de Ushuaia