Na nossa matéria de turismo de hoje, trouxe o litoral do Uruguay. De Colonia Del Sacramento até José Ignacio, vamos mostrar lugares interessantes e alguns micos. Sim, eles fazem parte, infelizmente. Mas com os erros dos outros podemos evitar cair nas mesmas ciladas.
Bom, nossa primeira parada no país foi na cidade de Sacramento, uma mistura de Paraty (RJ) e centro histórico de São Luís (MA). Fizemos a travessia Buenos Aires-Sacramento de navio pela empresa Buquebus. O porto é muito organizado, bonito e arejado. Na fila para entrar no navio, moças com roupas curtíssimas e colantes distribuíam gratuitamente uma bebida horripilante. O navio tinha freeshop de enganação. Mega caro.
Em uma hora estávamos na bucólica cidade uruguaia, embora o horário local nos “roubasse” uma hora (mesmo fuso do Brasil). Ao desembarcar, enfrentamos uma tumultuada fila de verificação das malas. A fiscalização é rígida e muitas pessoas se desesperavam com seus produtos tomados pelos fiscais locais. Uma senhora ficou desolada. Toda sua bagagem foi recolhida.
Apesar do clima tenso, nos deparamos com um belíssimo pôr do sol. Ficamos paralisados. Contemplamos cada minuto e nos emocionamos. Daí caiu a ficha, tivemos que trocar real por peso local e pegar um táxi que define o preço da corrida pela cara do turista. Primeiro “assalto”.
Ao chegar à pousada, pensei que era uma pegadinha ou um erro da agência. Estávamos numa espelunca chamada Posada del Río. Nosso quarto era o primeiro, na porta, com janela para a rua. Muito mofo, poeira, sujeira, cheiro desagradável e peças de cama e banho asquerosas. O café da manhã era intragável, saímos para tomar na rua. Difícil foi encontrar um lugar que tivesse café da manhã.
O lado bom foi que fotografei tudo – inclusive a tabela de preço que não batia com o valor que paguei – e enviei para a agência. Fui reembolsada integralmente. Parabéns, Nancy Volta (minha agenciadora) e Maktour (agência), pelo ótimo serviço de pós-venda e solução de problemas.

Fachada da pousada e sua tabela de preços. Foram tão desonestos que cobraram muito acima da tabela e nem a operadora sabia disso. Chocante!
Mas não crie expectativa de hospedagem nessa cidade. Ou o extremo luxo para atender o público que vai lá só para jogar nos cassinos, ou pousadas muito muito simples. Limpeza não faz parte do cotidiano deles, nem mesmos nos restaurantes.
Para saber aonde ir, recomendo começar pelo Centro de Informação Turística, bem pertinho da rodoviária e do porto. Funciona das 10h00 às 19h00. O lugar é bonito, com produtos do artesanato local expostos para venda (não aceitam cartão) e pessoas preparadas para fornecer informações e mapas da cidade. Eles sugerem um passeio de ônibus, muito caro, por sinal e cobram em dólar. A dica é alugar um carro elétrico, pois você tem autonomia para fazer seu próprio horário e roteiro. A diária do carro custa 35 dólares. Excelente negócio. Cabe até 4 pessoas.
A cidade é micro e só vale pelo centro histórico e por um rápido passeio pela orla. Banhada pelo Rio de la Plata, que os moradores locais usam como praia, oferece uma vista interessante e um por do sol surreal. A diversão noturna é jogar. O que não falta na cidade é cassino!
Não sei o motivo, mas a há muitos carros antigos. Acredito que seja estratégia de marketing da cidade para estabelecer relação entre cidade antiga, levando o turista a uma viagem no tempo.
Ao contrário do Brasil, eles preservam e investem no patrimônio histórico. Tudo muito bem organizado e sinalizado. Sabem que a cidade vive do turismo e por isso mesmo investem em bom atendimento e serviços, embora a comida deles seja difícil de engolir. O arroz deles é cozido sem sal. Deus me livre! Para quem come carne, oléeeeee! Para os vegetarianos como eu, o inferno gastronômico. Foram dois dias me alimentando de café (de ruim a razoável) e medialunas (a salvação).
Ah, o cartão Mastercard não é tão benvindo quanto o Visa. Por sinal, vários estabelecimentos não aceitam nem cartão. Cuidado! Pergunte antes de comer, ok? Já o real é muito bem aceito no mercado e com boa cotação.
O que ver:
A Basílica Del Sacramento foi tombada pela Unesco. De tão rústica é bonita. Montaram um presépio “rasgando” as paredes de pedra. Original.
A Puerta de Campo é um dos resquícios do domínio português na região. Sofreu várias restaurações, mas preserva bem sua estrutura. Ao lado, lojinhas de compra do artesanato local e que aceitam cartão de crédito.
O Farol que eu não fui. Não quis subir, nem mesmo para “sacar” fotos com vista de 360 graus da cidade.
O Píer. Ao descobrir uma cafeteria muito fofa, observei que, seguindo adiante, estaria diante de um píer e da oportunidade de contemplar mais um por do sol incrível.
Se você alugar um carro, não deixe de ir a Plaza de Toros, construída em 1910. Fica bem afastada da cidade, num bairro cheio de contrastes com mansões e casas muito humildes (zona del Real de San Carlos). Infelizmente estava fechada para visita por risco de desabamento, mas dá para tirar um monte de fotos externas. Tem uma arquitetura árabe/Moura muito interessante. Não quis descer do carro porque o local é deserto.
Depois da plaza, fomos ao Museo de Naufrágios e Tesóros, mas, embora aberto ao público, estava completamente vazio. Na porta, apenas cachorros. Demos meia volta e deduzimos que era um mega mico. Apesar dos elogios no Tripadvisor, preferimos não arriscar, pois ainda estávamos traumatizados com a pousada que tem boa cotação do site de turismo. Sabe-se Deus como!
Fomos circular pela orla, cheia de coqueiros e árvores frondosas. Longe do burburinho de turistas, aqui você observa o jeito de ser e viver do uruguaio. Missão cumprida. Voltaria? Não.
Agora, pé na tábua! Seguimos para a rodoviária e pegamos um ônibus da COT rumo a Montevidéu.